quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Gemínidas da Beleza



  É comum olharmos para o céu noturno e nos depararmos com uma “estrela cadente” ou Meteoro que é a passagem de um Meteoróide pela nossa atmosfera. Quando um desses chega a tocar o solo recebe o nome Meteorito. Estrelas não caem!  
  
  Nesta semana tem se falado muito sobre a chuva de Meteoros Gemínidas que nada mais é que a passagem da Terra por um aglomerado de resíduos de uma possível colisão sofrida pelo Asteróide 3200 Faetonte.
  O Radiante ou ponto inicial do evento celeste é a constelação de Gêmeos localizada à Nordeste, abaixo da constelação de Órion nesta simulação da vista do céu na Serra da Beleza às exatas 23h de sexta-feira, 14/12/2012.


     

  O evento já pode ser observado desde o dia 7, tem seu pico no dia 14 com média de 20 Meteoros por hora e vai até o dia 17. Eu mesmo já observei um com duração de aproximadamente 3 segundos daqui de minha casa. Imaginem na escuridão da Serra que espetáculo!
  Diga-se de passagem... Minha princesa Lara nasceu no dia 17/11 quando podemos observar a chuva Leónidas todos os anos.

Fica a dica galera!
 
Um espetáculo como esse visto em um palco como a Serra da Beleza é pra gravar na memória pra sempre.
   

domingo, 10 de junho de 2012

Primeira Aventura



Minha primeira aventura na Serra da Beleza começou dia 12 de Agosto de 2006 bem cedo. Eu e dois amigos embarcamos no ônibus para Conservatória as 08h da manhã saindo de Barra do Piraí. Ás 09h chegamos e paramos em uma padaria para comer alguma coisa e comprar água. Nós conhecíamos a Serra apenas por alguns relatos de casuística, mas nunca tínhamos visto nem foto. Perguntamos para o dono da padaria qual o caminho e ele ao indicar disse que se fossemos andando seria bem desgastante. Não demos ouvidos por falta de opção já que são poucos os horários de ônibus para aquelas bandas. Hoje em dia seguimos sempre de ônibus de Conservatória para Santa Rita do Jacutinga e desembarcamos logo no inicio das Serra após Pedro Carlos. Agradecemos o padeiro e começamos a andar. Logo no inicio da caminhada nos deparamos com uma subida muito íngreme no começo da estrada por dentro de Conservatória. Chegamos exaustos ao seu final, mas isso não era nem 10% do caminho. Pouco mais de uma hora andando sob o sol das 11h um caminhoneiro nos ofereceu carona até Pedro Carlos que ficava a 6 km de onde estávamos. Subimos na carroceria do caminhão que carregava materiais de construção e seguimos viagem. A estrada nesse ponto é sempre cercada por morros.


Estrada para a Serra da Beleza


Passamos pela famosa Ponte dos Arcos e ficamos maravilhados. Pouco tempo depois chegamos a Pedro Carlos e agradecemos muito o caminhoneiro gente boa que nos ajudou. Voltamos a andar por volta de meio dia. O sol nos castigava, as pernas já estavam cansadas, pois o caminho todo tem uma pequena elevação e já caminhávamos há quase três horas. Paramos sob a sombra de uma grande árvore para comermos algo e descansar alguns minutos. Essa parte da estrada possui árvores bem compridas e pastos onde víamos alguns cavalos. Voltamos a andar e após um tempo chegamos ao inicio de mais uma subida íngreme cercada por uma mata. As sombras das árvores nos agraciavam com certa umidade e um ar puro delicioso. O cheiro de mel de algumas colméias também era muito agradável. À medida que subíamos as pernas iam perdendo as forças até que encontramos uma mina brotando das rochas do morro e paramos para abastecer as garrafas e nos refrescar. Já caminhávamos a quase 4h. A essa altura da caminhada já não aguentávamos nem conversar e cada um seguia no seu ritmo. Pelo tempo que estávamos caminhando senti que estávamos chegando e busquei forças para apertar o passo. Quando cheguei ao final da subida vi uma pequena estradinha seguindo pela direita e segui pela estrada principal. Enfim chegamos! Gritei para os dois que se arrastavam no final da subida ainda. Eu corria e pulava até chegar ao antigo mirante de madeira que ficava ali. Abri os braços e contemplei pela primeira vez aquele horizonte magnífico e fiquei imóvel até que os dois chegaram juntos e se debruçaram sobre o mirante sem dizer nada. Nesse momento um gavião passou em um rasante a nossa frente coroando aquela conquista.


Antigo Mirante


Após contemplarmos a vista e refletirmos sobre a vida e a longa caminhada que fizemos para chegar até ali veio a questão. Onde acampar?
Olhamos em volta e depois de pensar apontei para o alto de um morro perto do final da última subida. Os dois concordaram e seguimos para lá. Entramos na pequena estrada que havia visto ao chegar aqui e nos deparamos com muitas pedras verdes. Pegamos algumas de recordação e subimos o morro. Após 4h de caminhada subir aquele morro foi a parte mais difícil. Ele é mais íngreme que todas as subidas do caminho. Para piorar nos deparamos com muitas vacas e um touro na pequena estrada abandonada que rodeia o morro nos obrigando a subir pela parte com o mato alto. Após trinta minutos chegamos ao topo e encontramos o mágico “Vale da Morada” batizado por mim.


Vale da Morada


Após quase 5h de jornada estávamos enfim acampados com uma vista privilegiadíssima da maravilhosa Serra da Beleza. Não vou me esquecer nunca daqueles dias. O sol estava bem forte, estávamos exaustos, mas aquela vista fazia qualquer sacrifício valer a pena. Foi amor à primeira vista. Nunca mais tirei esse lugar de meus pensamentos. Todo ano acampamos no mínimo uma vez durante o inverno.


Vista do Vale da Morada


Passamos esse acampamento sem grandes surpresas, apenas contemplando a natureza e torcendo para ver algo de diferente, mas nada aconteceu. A noite da Serra é ainda mais linda, mas descreverei em outra história. Voltamos caminhando no outro dia à tarde e demos à sorte de embarcarmos no ônibus para Conservatória.

Recomendo a todos essa incrível aventura onde você contempla a natureza e ainda pode quem sabe dar a sorte e presenciar o fenômeno que descrevi no ultimo post.



Até a próxima aventura!   



Obs.: As fotos deste post são de aventuras distintas já que na primeira vez cometemos o erro de não levar uma máquina fotográfica.

Serra da Beleza e suas Histórias



"A paciência e o afinco que a mãe natureza empenhou na formação das exuberantes cadeias de montanhas, as Serras, tornaram místicos esses oceanos de terra."
                                                                                                           Marchetti
  
Não é a toa que inúmeras lendas envolvendo montanhas por todo o globo
são contadas desde os primórdios da civilização humana. Seu habitat às vezes inóspito desafia e amedronta o homem, mas muitas são as que possuem uma beleza receptível a qualquer forma de vida que encanta e as recebe muito bem. 

O Estado do Rio de Janeiro,
além de possuir belíssimas praias e vistas oceânicas, calor tropical entre outras mil,
foi abençoado também com a imponência e beleza divina das Serras. O ser humano
sempre contemplou ou reverenciou as majestades pontiagudas cortando os céus,
o forçando a refletir o quão pequeno somos diante de tanta grandeza.
Uma regra básica para um aventureiro de level 1 é sempre respeitar a magia natural
que cerca nossas cadeias de montanhas, preservando sua fauna, flora e
mantendo a harmonia ali existente há milênios.
Quando estiver se aventurando procure sentir a vibração das grandes altitudes,
deixe seu corpo recarregar suas forças físicas e mentais enchendo os pulmões e esvaziando a mente.
Ouça a sinfonia dos ventos, o cantar dos pássaros, a festa harmoniosa da natureza.

   Vamos começar nossa aventura pela região Sul Fluminense, Estado do Rio de Janeiro,
divisa com Minas Gerais. Essa região que sempre teve sua economia e sociedade ligadas a práticas de agricultura e pecuária,
reserva inúmeras belezas naturais e muitos contos populares. Alguns bem folclóricos. Uma região com o solo rico, que prosperou desde o período do “ouro verde”, conhecida como “Vale do Café”. Com a queda do café no mercado, a alternativa foi a criação de gado leiteiro, entre outras práticas. Restaram deste período as fazendas e casarões em perfeito estado de conservação e o turismo atualmente move essas bandas. Anualmente os Festivais “Vale do Café” e o “Café, Cachaça e Chorinho” trazem à região milhares de pessoas oferecendo aos visitantes um passeio agradável ao passado.
Belíssimas construções em meio a natureza servem de palco para apresentações musicais, degustações de cachaça, café, bolos, biscoitos, etc. Esta região possui também grandes encontros de moto-clubles, carros antigos, trilhas de Jeeps e festivais de Rock com excelentes bandas revivendo o melhor do Rock’n Roll e do Blues. 

                                                                      Serra da Beleza

As Serras que nos rodeiam neste vale são de uma beleza mística, mas a mais intrigante é sem duvida a Serra da Beleza. Situada entre Conservatória, Santa Isabel do Rio Preto ambos Distritos de Valença - RJ e Santa Rita do Jacutinga – MG. Possui a maior concentração de areia monazita do mundo, um tipo de areia com elemento radioativo (não nociva a saúde humana). Relatos incríveis de moradores, visitantes e aventureiros são contados há décadas sobre luzes, sondas ou Foo Fighters surgindo próximos as montanhas e seguindo em direção ao céu, fazendo movimentos aleatórios e alternando velocidade. Uma pessoa com algum treinamento sobre o céu noturno (Estrelas, satélites, Iridium Flare, Cometas, etc.) e conhecimento das luzes locais dos vilarejos e casas consegue identificar facilmente esse fenômeno.

Em uma das dezenas de vezes em que me aventurei acampando na região mais próxima a Pedro Carlos um pequeno vilarejo presenciei junto a tres amigos este fenômeno. Eram 09h da manhã, o céu estava bem limpo com poucas nuvens espalhadas e o sol brilhava intensamente. Estávamos deitados sobre lençóis na grama conversando após o desjejum quando vi por entre as folhas da árvore que nos fazia sombra um pequeno ponto de luz no céu. Indaguei “Estrela essa hora?” e me levantei para sair da sombra da árvore. Foi quando percebi que o ponto de luz similar à magnitude aparente da estrela Sirius estava bem próximo ao morro a nossa frente. Fiquei boquiaberto e disse para todos olharem aquilo. Não demorou muito e a luz começou a se mover em direção ao céu bem lentamente. Tinha uma leve alteração de velocidade e rota. Passado alguns minutos percebemos um ponto de luz menor que parecia sair e entrar da luz maior em todas as direções. Foi nesse momento que a ficha caiu sobre o que estávamos presenciando. Cheguei a temer, mas ficamos embasbacados olhando para cima sem reação. “Vocês estão vendo a outra luz?” perguntei depois de alguns segundos e todos balançaram a cabeça concordando. Foram aproximadamente 40 minutos desde que avistei a luz próxima ao morro e o seu desaparecimento no céu na direção de Santa Rita do Jacutinga. Não posso afirmar o que era, mas possuía um brilho metálico similar a de uma estrela com pouca oscilação e era fantástico observar esse fenômeno logo pela manhã.
Foi uma experiência incrível que vivenciamos e que venho compartilhar com vocês. Em breve relatarei outras histórias de nossas aventuras por essas bandas.
  
 Fica minha dica para quem gosta de natureza e mistérios.

Serra da Beleza