Minha primeira
aventura na Serra da Beleza começou dia 12 de Agosto de 2006 bem cedo. Eu e
dois amigos embarcamos no ônibus para Conservatória as 08h da manhã saindo de
Barra do Piraí. Ás 09h chegamos e paramos em uma padaria para comer alguma
coisa e comprar água. Nós conhecíamos a Serra apenas por alguns relatos de
casuística, mas nunca tínhamos visto nem foto. Perguntamos para o dono da
padaria qual o caminho e ele ao indicar disse que se fossemos andando seria bem
desgastante. Não demos ouvidos por falta de opção já que são poucos os horários
de ônibus para aquelas bandas. Hoje em dia seguimos sempre de ônibus de
Conservatória para Santa Rita do Jacutinga e desembarcamos logo no inicio das
Serra após Pedro Carlos. Agradecemos o padeiro e começamos a andar. Logo no
inicio da caminhada nos deparamos com uma subida muito íngreme no começo da
estrada por dentro de Conservatória. Chegamos exaustos ao seu final, mas isso
não era nem 10% do caminho. Pouco mais de uma hora andando sob o sol das 11h um
caminhoneiro nos ofereceu carona até Pedro Carlos que ficava a 6 km de onde estávamos.
Subimos na carroceria do caminhão que carregava materiais de construção e
seguimos viagem. A estrada nesse ponto é sempre cercada por morros.
Passamos pela famosa
Ponte dos Arcos e ficamos maravilhados. Pouco tempo depois chegamos a Pedro
Carlos e agradecemos muito o caminhoneiro gente boa que nos ajudou. Voltamos a
andar por volta de meio dia. O sol nos castigava, as pernas já estavam cansadas,
pois o caminho todo tem uma pequena elevação e já caminhávamos há quase três
horas. Paramos sob a sombra de uma grande árvore para comermos algo e descansar
alguns minutos. Essa parte da estrada possui árvores bem compridas e pastos
onde víamos alguns cavalos. Voltamos a andar e após um tempo chegamos ao inicio
de mais uma subida íngreme cercada por uma mata. As sombras das árvores nos
agraciavam com certa umidade e um ar puro delicioso. O cheiro de mel de algumas
colméias também era muito agradável. À medida que subíamos as pernas iam
perdendo as forças até que encontramos uma mina brotando das rochas do morro e
paramos para abastecer as garrafas e nos refrescar. Já caminhávamos a quase 4h.
A essa altura da caminhada já não aguentávamos nem conversar e cada um seguia
no seu ritmo. Pelo tempo que estávamos caminhando senti que estávamos chegando
e busquei forças para apertar o passo. Quando cheguei ao final da subida vi uma
pequena estradinha seguindo pela direita e segui pela estrada principal. Enfim
chegamos! Gritei para os dois que se arrastavam no final da subida ainda. Eu
corria e pulava até chegar ao antigo mirante de madeira que ficava ali. Abri os
braços e contemplei pela primeira vez aquele horizonte magnífico e fiquei
imóvel até que os dois chegaram juntos e se debruçaram sobre o mirante sem
dizer nada. Nesse momento um gavião passou em um rasante a nossa frente
coroando aquela conquista.
Antigo Mirante
Após contemplarmos a
vista e refletirmos sobre a vida e a longa caminhada que fizemos para chegar
até ali veio a questão. Onde acampar?
Olhamos em volta e
depois de pensar apontei para o alto de um morro perto do final da última
subida. Os dois concordaram e seguimos para lá. Entramos na pequena estrada que
havia visto ao chegar aqui e nos deparamos com muitas pedras verdes. Pegamos
algumas de recordação e subimos o morro. Após 4h de caminhada subir aquele
morro foi a parte mais difícil. Ele é mais íngreme que todas as subidas do
caminho. Para piorar nos deparamos com muitas vacas e um touro na pequena
estrada abandonada que rodeia o morro nos obrigando a subir pela parte com o
mato alto. Após trinta minutos chegamos ao topo e encontramos o mágico “Vale da
Morada” batizado por mim.
Vale da Morada
Após quase 5h de
jornada estávamos enfim acampados com uma vista privilegiadíssima da
maravilhosa Serra da Beleza. Não vou me esquecer nunca daqueles dias. O sol
estava bem forte, estávamos exaustos, mas aquela vista fazia qualquer
sacrifício valer a pena. Foi amor à primeira vista. Nunca mais tirei esse lugar
de meus pensamentos. Todo ano acampamos no mínimo uma vez durante o inverno.
Vista do Vale da Morada
Passamos esse
acampamento sem grandes surpresas, apenas contemplando a natureza e torcendo
para ver algo de diferente, mas nada aconteceu. A noite da Serra é ainda mais
linda, mas descreverei em outra história. Voltamos caminhando no outro dia à
tarde e demos à sorte de embarcarmos no ônibus para Conservatória.
Recomendo a todos
essa incrível aventura onde você contempla a natureza e ainda pode quem sabe
dar a sorte e presenciar o fenômeno que descrevi no ultimo post.
Até a próxima
aventura!
Obs.: As fotos deste post são de aventuras distintas já que na primeira
vez cometemos o erro de não levar uma máquina fotográfica.